Fazer o Amor ser Bonito

Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser bonito. Aprenda apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender. Tenho visto muito amor por aí, bravios, gigantescos, descomunais, cheios de entrega, doação, mas esbarram na dificuldade de se tornar bonito. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados a ternura de mãos jardineiras. Amar bonito é saber a hora de ter razão. Não tema o romantismo. Recomendam-se: encabulamentos; ser pego em flagrante gostando; não se cansar de olhar, e olhar; e olhar mais um pouquinho; não atrapalhar a convivência com teorias; adiar sempre, se possível com beijos, “aquela conversa importante que precisamos ter”, arquivar se possível em arquivo morto as reclamações por pouca atenção, pois para quem ama toda atenção é sempre pouca. E quem ama feio não sabe disso. Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores) não teorize, apenas ame. Siga o destino sem temer a sinceridade; o não dar certo; conte a verrdade do tamanho do amor que sente e no auge das suas emoções e carências, seja simples, não esconda suas fraquezas. Cante desafinado, fale besteiras, dê risadas gaguejando flores. Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou bonitar fazendo seu amor. Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com suas definições. Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Ame o suficiente para ser capaz de gostar do amor e assim poder fazer o outro feliz. (Artur da Távola)