01 maio 2008

As vitrines

Eu te vejo sair por aí, te avisei que a cidade era um vão, dá tua mão, olha pra mim, não faz assim, não vai lá não...
Os letreiros a te colorir, embaraçam a minha visão, eu te vi suspirar de aflição e sair da sessão, frouxa de rir...
Já te vejo brincando, gostando de ser, tua sombra a se multiplicar, nos teus olhos também posso ver, as vitrines te vendo passar...
Na galeria, cada clarão, é como um dia, depois de outro dia, abrindo salão, passas em exposição, passas sem ver teu vigia, catando a poesia, que entornas no chão...
Chico Buarque de Hollanda

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